segunda-feira, 17 de junho de 2013



Situação de aprendizagem
 Pausa de Moacyr Scliar

Objetivos: Apresentar estratégias de leitura que promovam o desenvolvimento de habilidades de leitura.


    
  1. Conteúdos previstos:

Traços característicos das narrativas, leitura oral de narrativas,  produção de  narrativas;
2. Competência e habilidades a serem desenvolvidas:

Reconhecer características da tipologia, comparar narrativas em diferentes gêneros; ouvir textos narrativos, produzir narrativas.     

3. Habilidades esperadas para que os alunos desenvolvam as tarefas:

-Produção de  narrativas com base em fatos retirados da realidade dos alunos; sondagem inicial com base no repertorio narrativo dos educandos
4. Seqüência das atividades de ensino e aprendizagem e avaliação:

Motivando a leitura:
Ativação de conhecimentos de mundo
Antes da leitura:
Levantamento de Hipóteses:

Oralidade:

- Apresentação no datashow do título. 
Exploração do título por meio de perguntas orais em uma Roda de Conversa:

- Esse título chama a atenção do leitor? Por quê?
- O que ele sugere?
- Pelo título dá para imaginar o assunto do texto?
- Quais situações vocês acham que o texto vai retratar?
- Qual o cenário?

Durante a leitura
Apresentação do texto no Datashow, exceto o final.




PAUSA

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
         —Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
         —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
         —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
         —Por que não vens almoçar?
         —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
         —Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
         —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
         —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
         — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
         —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.

     Checagem de hipóteses

    Fazer comentários sobre as diferenças percebidas.
 Em pequenos grupos, pedir aos alunos que  criem o final  através de ilustração para apresentar aos colegas.
   
   Após a apresentação das ilustrações fazer a leitura do final do texto criado pelo autor.

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
         — Já vai, seu Isidoro?
         —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
         —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
         —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
         —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)

Depois da Leitura
     - Que impressão o desfecho causou?
     - O texto correspondeu às expectativas levantadas pelo título?
     - O que mudou sobre a percepção do texto após a leitura?
     - Apareceu algum elemento surpresa?
     - Qual o assunto?
     - Quais personagens apareceram? Que recursos linguísticos o autor usou para realçá-las?
     - O autor fazia parte da situação narrada ou estava como observador?

   Recapitular os elementos da narrativa, com base na sondagem oral, percebendo essas características em diferentes gêneros que os alunos conhecem.

     Comparar  semelhanças e diferenças que apresentem os elementos da narrativa como fatores comuns a esse texto.

       Interpretação do texto Pausa de Moacyr Scliar - quadro síntese das características ;
       Intertextualidade com o poema “ STOP “ de Carlos Drummond de Andrade.
stop
a vida parou
ou foi o automóvel?


Pesquisa sobre a biografia e outros contos de Moacyr Scliar e socialização em sala de aula



       Moacyr Scliar

"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".


Moacyr Scliar





"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".


Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a partir de 1943, a Escola de Educação e Cultura, daquela cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para o Colégio Rosário, uma escola católica.

Em 1955, passou a cursar a faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS), onde se formou em 1962. Em 1963, inicia sua vida como médico, fazendo residência em clínica médica. Trabalhou junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), daquela capital.

Publica seu primeiro livro, “Histórias de um Médico em Formação”, em 1962. A partir daí, não parou mais. São mais de 67 livros abrangendo o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais recebeu inúmeros prêmios literários. Sua obra é marcada pelo flerte com o imaginário fantástico e pela investigação da tradição judaico-cristã. Algumas delas foram  publicadas na Inglaterra, Rússia, República Tcheca, Eslováquia, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Holanda e Espanha e em Portugal, entre outros países.

Em 1965, casa-se com Judith Vivien Oliven.

Em 1968, publica o livro de contos "O Carnaval dos Animais", que o autor considera de fato sua primeira obra.

Especializa-se no campo da saúde pública como médico sanitarista. Inicia os trabalhos nessa área em 1969.

Em 1970, freqüenta curso de pós-graduação em medicina em Israel, sendo aprovado. Posteriormente, torna-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública.

Seu filho, Roberto, nasce em 1979.

A convite, torna-se professor visitante na Brown University (Departament of Portuguese and Brazilian Studies), em 1993, e na Universidade do Texas, em Austin.

Colabora com diversos dos principais meios de comunicação da mídia impressa (Folha de São Paulo e Zero Hora). Alguns de seus textos foram adaptados para o cinema, teatro e tevê.

Nos anos de 1993 e 1997, vai aos EUA como professor visitante no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Brown University.

Em 31 de julho de 2003 foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira nº 31, ocupada até março de 2003 por Geraldo França de Lima. Tomou posse em 22 de outubro daquele ano, sendo recebido pelo poeta gaúcho Carlos Nejar.

O escritor faleceu no dia 27/02/2011, em Porto Alegre (RS), vítima de falência múltipla de órgãos. 



      5- Avaliação contínua: seleção de narrativas; produção de quadro síntese com características da tipologia narrativa” 
      6-  Expectativa de aprendizagem:
 Espera-se que o aluno seja capaz de produzir  narrativas, colocando em  funcionamento os elementos da tipologia.
     7- Instrumentos de avaliação:

         Fotografar cenas, criando a partir delas narrativas.       
         Produção de narrativas.
         Confecção de um mural com as  fotos e as narrativas produzidas.
     8-  Proposta de recuperação contínua:

Auto-correção das narrativas produzidas enfocando as características da tipologia (quadro síntese ) 

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